Seminário APMG - Fernanda Carvalho
14 maio 2025 - 16:00 - ZOOM
Radiação solar ultravioleta: Variabilidade em Portugal
Link:
https://videoconf-colibri.zoom.us/j/96884852300
Resumo
De acordo com o último Relatório de Avaliação sobre a Camada de Ozono, publicado pela Organização Meteorológica Mundial em 2022, “…no futuro, o aumento dos Gases com Efeito de Estufa poderá também contribuir para a diminuição da camada de ozono”.
Até agora, a estratosfera tem arrefecido principalmente devido a diminuição do ozono estratosférico, mas o efeito do arrefecimento radiativo devido ao aquecimento da troposfera poderá ser superior, à medida que as substâncias que destroem o ozono desapareçam da estratosfera e o ozono recupere.
Contudo, as implicações do aquecimento global na radiação UV à superfície são complexas. De acordo com alguns estudos, a radiação UV efetiva para o eritema à superfície deverá permanecer abaixo dos níveis de 1960 nas latitudes médias, menor nas latitudes altas (particularmente no Ártico) em 5–10%, devido ao aumento da nebulosidade, mas maior nos trópicos, entre 3 e 8%, devido à diminuição do ozono e da nebulosidade, causada pelo aumento dos gases com efeito de estufa. Melhorias na qualidade do ar devidas especialmente a reduções nas concentrações de partículas em suspensão (aerossóis), poderão no futuro resultar em níveis mais altos de radiação UV à superfície da Terra. No Ártico, pode haver aumentos na quantidade de aerossol marinho no oceano, bem como reduções no albedo a superfície devido à perda de gelo marinho, resultando em menos radiação UV à superfície.
Embora seja do senso comum associar os dias de maior calor aos de maior irradiação UV, esta relação não é direta nem muito menos óbvia. Para clarificar esta questão, são apresentados vários exemplos de registos e apuramentos da temperatura média do ar e do índice UV (IUV).
Resultados obtidos por vários satélites durante quase 50 anos mostram tendências estatisticamente significativas do IUV para condições de céu sem nuvens de 1.1% ± 0.9% por década para Portugal. Por outro lado, durante os últimos 17 anos, o número de dias com IUV alto (6) não apresenta ainda tendências estatisticamente significativas. No entanto, os resultados obtidos revelam também que os períodos com IUV iguais ou superiores 6 são bem mais alargados do que o período atual de prevenção contra a exposição excessiva à radiação solar, mostrando a necessidade de uma revisão das datas de início e fim dos mesmos.
Biografia
Fernanda Carvalho div>
Licenciada em Física – Ramo de Física da Atmosfera pela Universidade de Aveiro (1988) e Mestre em Ciências Geofísicas – Meteorologia pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (1998). Foi bolseira de investigação científica nos projetos INMG/JNICT do Estudo da Camada de Ozono e do Dióxido de Carbono da Atmosfera (1988-1992). Em 1992 ingressou como meteorologista superior no Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica, onde participou em vários projetos no domínio da física e da química da atmosfera. Desenvolveu e coordenou a implementação do programa de Previsão do IUV em Portugal, que teve início em 1999. Coordenou (2015-2019) o Centro de Previsão e Vigilância Meteorológica dos Açores do Instituto Português do Mar e da Atmosfera. Foi designada representante de Portugal nas comissões internacionais científicas da Organização Meteorológica Mundial da Radiação Solar. Possui vasta experiência profissional em meteorologia, designadamente nas áreas da observação meteorológica e composição da atmosfera e previsão meteorológica pata fins gerais e aeronáuticos e, especialmente, na área da radiação solar, química da atmosfera e climas. É autora de diversos artigos científicos. Participou em projetos de investigação e desenvolvimento nacionais e internacionais. Desenvolveu e coordenou a implementação do programa de Previsão do IUV em Portugal, que teve início em 1999. Atualmente é Técnica Superior no Departamento de Meteorologia e Geofísica do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, desenvolvendo atividades de investigação no âmbito da climatologia, composição da atmosfera e radiação solar. É autora do Boletim Climatológico dos Açores. Integrou a equipa do Projeto FCT MEAOW (23-24). É autora de diversas publicações científicas nacionais e internacionais. Participa em diversos eventos de promoção e divulgação ID associados ao Programa Ciência Viva da FCT. Leciona nos domínios da meteorologia e da climatologia na Universidade dos Açores onde presentemente co-orienta duas teses de mestrado. Pertence à equipa do centro de Investigação em Ciência e Tecnologia para o Sistema Terra e Energia (CREATE) da Universidade de Évora onde é doutoranda em ciências da Terra e do Espaço.
Foi secretária da Sociedade Portuguesa de Proteção Contra Radiações (2000 e 2002).
É autora de várias publicações nos domínios da composição da atmosfera, radiação solar e clima.
Organização: Miguel Potes, Célia Gouveia, Isilda Menezes, Mário Pereira e Rui Oliveira.
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