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Prémios Carreira - APMG 2025

Durante o jantar do APMG 2025 será realizada a sessão de entrega dos prémios carreira, instaurados pela primeira vez em 2023, para cumprir o objetivo estatutário de contribuir para o prestígio da investigação, do ensino e das aplicações das ciências meteorológicas e geofísicas bem como para a divulgação da sua importância e do seu conhecimento.

A sessão de entrega dos prémios é uma homenagem aos premiados pelas suas carreiras, pela quantidade, qualidade e diversidade dos seus currículos, mas também pela importância dos seus contributos para o conhecimento, ensino e divulgação da Meteorologia e Geofísica.

Prémios de Carreira Académica 2025

Meteorologia

Ricardo Trigo
Professor Associado do Departamento de Engenharia Geográfica, Geofísica e Energia e investigador no Instituto Dom Luiz, onde foi diretor de 2018 a 2021. Tem publicado extensivamente, mais de 300 artigos, e está incluído, desde 2029, na lista dos 2% dos autores mais citados no mundo, de acordo com diversas métricas baseadas em conjuntos de dados Scopus. Ricardo Trigo participou em mais de 30 projetos nacionais, maioritariamente financiados pela FCT, mas também por grandes empresas ligadas à energia (REN, EDP, E-Redes) e à produção de papel (The Navigator). Participou em 12 projetos financiados internacionalmente, incluindo o ROADMAP (JPI-Climate) e o AMOTHEC (Índia) em curso, bem como os recentes IMDROFLOOD (JPI-Water) e INDECIS (ERA_4CS). Em 2011 editou o livro “Impactos Hidrológicos, Socioeconómicos e Ecológicos da Oscilação do Atlântico Norte na Região Mediterrânica” publicado pela Springer. Fez parte do Conselho Editorial de diversas revistas. Atualmente faz parte do Conselho Editorial do NHESS desde 2015 e do Climate Research desde 2017. Em 2008 foi galardoado com o Prémio International Journal of Climatology aprovado pelo Royal Met. Sociedade, e em 2017 e 2023 recebeu o prémio Universidade de Lisboa Caixa Geral Depósitos pela produção científica dos 5 anos anteriores em Ciências da Terra. Em 2022 obteve o Doutoramento Honoris Causa pela Universidade da Extremadura (Espanha). As suas áreas de investigação estão particularmente focadas nos Riscos Naturais, incluindo Inundações, Grandes Tempestades, Secas, Deslizamentos de Terra, Ondas de Calor e Incêndios Florestais. Em particular, a forma como estes fenómenos na Europa são impactados pelas alterações climáticas, mas também a sua ligação a padrões de grande escala, como o NAO, o Bloqueio ou os Rios Atmosféricos.
A APMG atribuiu o Prémio Carreira Académica em Meteorologia pela sua dedicação aos estudos da variabilidade da circulação atmosférica em diferentes escalas temporais e espaciais, que conduzem a um melhor conhecimento das causas dessa variabilidade e como é determinante para a inconstância do clima à escala regional, especialmente na região Mediterrânica.

Geofísica

Carlos Sousa Oliveira
Engenheiro Civil pelo Instituto Superior Técnico (IST), e Master of Science (MSc) e Doutor (PhD) pela Universidade da Califórnia, Berkeley. Desenvolveu carreira de investigação no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) desde 1973 até 1993, onde obteve os graus de Especialista e Investigador-Coordenador. Em 1993 professor Catedrático do IST. A partir de 2016 é Professor Catedrático Jubilado do IST e Emérito desde Julho de 2023. O seu principal campo de interesse é engenharia sísmica com ênfase na sismologia dos movimentos fortes e na análise de risco sísmico. É autor de um largo conjunto de publicações em revistas internacionais da especialidade e foi editor de alguns livros e “Special Issues” de reconhecidos “Journals” da Especialidade. É “Associated Editor” do “Bulletin of Earthquake Engineering” e Membro do “Editorial Board” de várias Revistas Internacionais. Tem participado em diversas conferências internacionais e seminários onde apresentou artigos e realizou palestras. Foi Coordenador Editorial de vários Livros. Presidiu à Comissão Organizadora do 15º Congresso Mundial de Engenharia Sísmica em 2012. A “Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica” (SPES) criou o “Prémio Carlos Sousa Oliveira”, a atribuir ao melhor trabalho publicado em cada 3 anos. Fez parte de alguns Júris de apreciação de trabalhos submetidos a prémios, nomeadamente Prémio Ferry Borges e Prémio Inovação Jovem Engenheiro. Foi consultor de algumas instituições em Portugal, e tem participado em vários programas e projetos comunitários. É membro da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia de Engenharia. Foi Presidente da SPES no período 1996-2013 e Presidente do Departamento de Engenharia Civil, Arquitetura (DECivil/IST) no biénio 2005-06. Foi Presidente e Vice-Presidente da FUNDEC em vários mandatos. Foi-lhe atribuído em 2021 o Prémio “Nicholas N. Ambraseys” pela “Associação Europeia de Engenharia Sísmica”, como reconhecimento pela sua contribuição para o desenvolvimento desta Área do saber.
A APMG atribuiu o Prémio Carreira Académica em Geofísica pelo reconhecimento da sua contribuição para o desenvolvimento, ensino e divulgação na área de Engenharia Sísmica, pela sua dedicação em mais de 50 anos à procura permanente de soluções para a mitigação dos efeitos dos sismos, conhecendo melhor como ocorrem e atuam nas construções, e pela participação constante em organismos nacionais e internacionais.

Prémios de Carreira Técnica 2025

Meteorologia

Manuel Rosa Dias
Licenciado em Ciências Físico-Químicas, pela FCUL, em 1973. Exerceu toda a sua vida profissional nos antigos Serviço Meteorológico Nacional (SMN), Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INMG) e Instituto de Meteorologia (IM). Ingressou no SMN em 13 de Julho de 1970, tendo em 1974 iniciado a sua especialização em Meteorologia Radar. Após criação do INMG, em 1976, prosseguiu a sua atividade no domínio da Meteorologia Radar e da utilização do radar para fins hidrometeorológicos na Divisão de Hidrometeorologia, e mais tarde, já no IM, na Divisão de Observação Remota (DORE), em qualquer caso orientando e participando em diversos projetos nacionais e internacionais de I&D. Em 1981 obteve uma bolsa de estudo no Hydrologic Research Laboratory do National Weather Service, NOAA, onde participou no Hydrologic Rainfall Analysis Project. Neste âmbito, colaborou igualmente no projeto NEXRAD, tendo participado, entre outros, com Douglas Greene, influente meteorologista norte-americano, no desenvolvimento de algoritmos para medição da precipitação, utilizando informação de radar meteorológico, udómetro e satélite. A partir de março de 1984, enquanto responsável pelo Projecto I4 do PIDDAC e em cooperação com o IST e a DGRN, liderou o processo de modernização do antigo radar meteorológico do Aeroporto de Lisboa, o que viria a possibilitar a sua exploração operacional de forma local e remota. Na década de 80 e início da seguinte foi responsável pela formação de diversos meteorologistas do INMG e IM e de técnicos dos PALOP, tendo ainda orientado diversos estágios de licenciatura e mestrado. Foi responsável por diversos projectos do PIDDAC, que conduziram à implantação dos primeiros radares da rede nacional, em Coruche e Loulé , e das Ações COST (72,73 e 717). Foi também delegado do IM no Programa OPERA da EUMETNET. Entre 1996 e 1998 foi membro da Comissão Científica do IM. Numa época em que Portugal era marcado por grandes dificuldades económicas e financeiras, Manuel Rosa Dias teve a visão de acreditar que seria possível implantar em Portugal uma rede de radares meteorológicos cobrindo todo o país, hoje em dia realidade e justamente considerada como uma infraestrutura imprescindível do IPMA para atividades de Nowcasting e elaboração de relatórios e pareceres sobre fenómenos de tempo severo.
A APMG atribuiu o Prémio Carreira Técnica em Meteorologia pelas suas inegáveis qualidades técnico-científicas enquanto coordenador das atividades de radar meteorológico no INMG e no IM, as suas intrínsecas qualidades humanas, que proporcionaram um excelente ambiente de trabalho entre todos os elementos do Grupo de Radar, motivando-os para um futuro promissor da área da Meteorologia Radar, em defesa da salvaguarda de vidas e bens, pelo que é muito justamente considerado o pai da Meteorologia Radar em Portugal, e como foi indicado na entrega do prémio também pai da Meteorologia Radar em Macau.

Geofísica

Carlos Jorge Caetano Corela
Licenciado em Geofísica (1996), mestre em Engenharia Electrónica (2001) e doutorado em Geofísica (2014), pela Universidade de Lisboa. É membro do Grupo de Investigação “Dinâmica, Riscos e Recursos da Terra Sólida” do Instituto Dom Luiz. Os seus interesses de investigação cobrem diferentes tópicos como sismologia, tomografia de ruído sísmico ambiente, sensores e dataloggers e todos os assuntos relacionados com sismógrafos de fundo oceânico (OBS). Desde 2000 é coordenador do único pool de OBS em Portugal e realizou mais de 20 campanhas oceanográficas, em vários países. A partir de 2004, começou a conceber, desenvolver e construir novos protótipos de OBS no Laboratório de Sismologia do Instituto Dom Luiz. Atualmente, está a construir e a testar a quarta geração deste tipo de instrumento. Participa ativamente em vários projetos de investigação da FCT e Europeus, atuando efetivamente como Investigador Principal do projeto DUNE da FCT (PTDC/EAM-OCE/28389/2017). Desde 2000, coordena também a rede permanente de estações sísmicas LX do Instituto Dom Luiz, com acesso aberto no data center IRIS-DMC e ORFEUS. Supervisiona o parque móvel de estações sísmicas terrestres para implantação temporária que tem sido utilizado em Portugal Continental e Ilhas no âmbito de projectos nacionais e alguns estrangeiros, estes últimos com o IFREMER.
A APMG atribuiu o Prémio Carreira Técnica em Geofísica pela sua longa dedicação ao conhecimento científico e técnico no estudo de OBS, para desenvolvimento de novos protótipos, estudo do comportamento e resposta de diferentes equipamentos quando colocados no fundo oceânico, sujeitos a correntes profundas. O uso de OBS contribui ativamente para o desenvolvimento de um sistema de alarme precoce de sismos em território português.